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Gantenerumabe para Alzheimer

A expectativa era das melhores. Que o ‘gantenerumabe’ funcionasse para tratar Alzheimer inicial, ou seja, uma droga para modificar o curso da doença, quando diagnosticada na fase chamada de Comprometimento Cognitivo Leve (CCL).



Esse possível novo medicamento – que estava em fase avançada na pesquisa - atacaria o processo de acúmulo de fragmentos da proteína beta-amilóide, considerada uma das vilãs na morte de neurônios. O outro inimigo no universo da sobrevivência dos neurônios é a proteína tau, foco também de diversos estudos.


E, como prometido para este novembro, a Roche, responsável pelo investimento, acaba de informar que o resultado dos estudos na Fase III foi negativo. Não se conseguiu remoção suficiente de beta-amilóide, nem desacelerar o declínio clínico da doença.


Pude acompanhar e torcer de perto nos últimos meses, desde que foi formada uma equipe de primeira linha pela empresa no Brasil. Ao mesmo tempo, em que recebi – e continuo recebendo - inúmeras perguntas nos grupos que participo com pessoas que vivem com Alzheimer, seus familiares e cuidadores.


O clima sempre foi o de esperança para esta doença tão complexa, que impacta a família inteira e a sociedade. Um sério problema de saúde pública.


Mais de 50 milhões de pessoas vivem com demência no mundo. Em 2050 é provável que tenhamos 150 milhões de pessoas afetadas, sendo Alzheimer, a principal causa.


E em países como o nosso, a preocupação é ainda mais urgente: a demência é a segunda causa de morte entre pessoas com mais de 70 anos. E temos um péssimo índice de subdiagnóstico, ou seja, gente que nem sabe que tem demência. Estamos situados, atualmente, na condição intermediária entre as taxas de subdiagnóstico, que chegam a 50% em alguns dos países ricos e 90% entre os mais pobres.


E com o envelhecimento acelerado na população brasileira, o cenário futuro requer medidas urgentes. Dentre elas – políticas públicas, investimento em prevenção e educação, diagnóstico no ‘tempo certo’, ou seja, o mais inicial possível – antes mesmo da instalação da doença propriamente dita, qualificação e capacitação profissional e, claro, tratamentos mais eficazes que possam, de fato, alterar o processo de evolução do Alzheimer.


Mas, antes de encerrar, aproveito para cumprimentar a Roche – que informou que vai compartilhar os dados e os aprendizados desse estudo para a comunidade científica – e lembrar que tanto a própria Roche como outras indústrias continuam desenvolvendo pesquisas importantes para tratar o Alzheimer. Há em curso mais de 200 estudos em andamento. Portanto, a esperança permanece!


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